Ao refletir sobre a análise de Mattelart a luta por hegemonia da industrial cultural destaco que nesse processo a “sociedade da informação” está se transformando na “sociedade da desinformação” dada a manipulação dos financiadores e grandes corporações que buscam controlar os meios de comunicação de acordo com seu interesse econômico político e cultural.
É incrível dizer que na sociedade da informação temos dificuldade de buscar a verdade, u¬m dos motivos pelos quais isso ocorre é que não há tempo hábil de verificar e avaliar o conteúdo recebido. Chauí (1994) diz que apesar das informações estarem disponíveis, as pessoas estão, na maioria das vezes se desinformando sem perceber, elas se sentem seguras, confiantes, pois há sempre alguém influente dizendo o que elas devam saber.
Existem fatores que geram uma massa de audiência “zumbi”: “O conformismo propositalmente engendrado na sociedade torna difícil despertar em nossa sociedade o desejo pela busca da verdade” como destaca Chauí, (1994) e além disso, vem a propaganda cuja principal função é induzir potenciais consumidores em estado de ingenuidade e credulidade, vivendo no mundo de faz de contas, em relação ao consumo de seus produtos e serviços. Essa autora destaca: “A propaganda não vende seus produtos pelos reais benefícios e utilidades, limitações e malefícios que trazem. Mas sim por uma imagem ilusória”.
Mas nem sempre aqueles que financiam a indústria cultural têm de fato o controle de todo o conteúdo do que é veiculado. Há uma via de mão dupla na difusão de conteúdos: o que eu quero que interpretem e o que de fato interpretam. Segundo Mattelart existe um contrapoder um “espaço de elaboração de uma pedagogia democrática da apropriação individual e coletiva do universo dos meios e da comunicação”.
Sendo assim, existe a possibilidade para se democratizar a comunicação, mas não existe uma receita pronta para se alcançar este objetivo como destaca Mattelart. Sabemos que as tecnologias de informação e comunicação podem ser um atalho para este caminho, mas como utilizá-lo?
O referido autor indica alguns caminhos têm sido utilizados por atores inconformados com a manipulação que encaram o problema da crescente mercantilização do campo da comunicação e da cultura e propõem a necessidade de repensar tanto o "funcionamento do setor privado e do serviço público como a necessidade de legitimar a existência de um terceiro setor, composto de meios comunitários ou associativos, livres e independentes". Para Marttelart há uma grande alavancada na democratização das comunicações no feito de ensaiar “a tríplice aliança: usuários-cidadãos / pesquisadores / jornalistas, e corresponde à definição dos novos movimentos sociais como movimentos de educação popular”.
Assim percebemos claramente a necessidade de educar para o uso crítico das novas tecnologias da informação e da comunicação.
Referências
CHAUÍ Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo Ática 1994
MARTTELART. Armand. Capatazes culturais: Entrevista com o Mattelart documento digital disponível em no site http://movimientos.org/foro_comunicacion /show_text.php3?key=5041. acesso em 04/05/2012
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